quarta-feira, 28 de maio de 2008

Portugal e a Selecção Nacional.


É certo e sabido que nós, portugueses adoramos futebol. Adoramos ver futebol e falar sobre futebol. E quando se trata da selecção nacional, ui, é a euforia. Uma euforia que começou em 2004, aquando do Europeu de Futebol, organizado pelo nosso país, impulsionada também pelo nosso seleccionador nacional, Luiz Filipe Scolari, aquando do seu pedido aos portugueses de erguerem a sua bandeira nas janelas. Eu também entrei nessa euforia em 2004, mas hoje, passados 4 anos, confesso que já não me sinto assim. Não tem nada a ver com a selecção nem com o futebol, tem a ver com o excessivo (sim, na minha opinião, é excessivo) destaque dado à selecção nacional de futebol por parte dos media. Diria até que a euforia de 2004 voltou. Estamos na véspera de um novo Europeu, é normal ouvir falar mais da selecção na comunicação social. Mas ao ponto do exagero de como a TVI o faz, que chega a ser impressionante e até deprimente. Ainda por cima é a televisão que irá transmitir os jogos do Europeu. Emissões especiais o dia todo, ao ponto de interromperem os programas que estão a emitir. Coisas do tipo: "Em directo de Viseu, Cristiano Ronaldo acaba de sair do autocarro..." ou mais do género: "Emissão especial: Nuno Gomes acaba de sair da casa de banho do hotel, vamos tentar obter uma reacção..." Meus Senhores, qual reacção? Que o Nuno Gomes se sente mais leve depois de sair da casa de banho? Deixem o rapaz em paz. Não precisamos de saber o óbvio. Já agora deixem-os treinar à vontade, para que possam realizar o melhor europeu possível. Depois há outra coisa que não percebo. Ele é dvds da selecção, ele é bandeiras nas janelas (outra vez), ele é sócios da selecção e mais não sei o quê. Sócio da selecção? Para quê? Para ir à bola mais barato e apoiar a selecção? Eu apoio a selecção e não preciso de me fazer sócio. Não me interpretem mal. Eu gosto da selecção e gosto de futebol, mas só vejo esta euforia de patriotismo com a selecção de futebol e não o vejo com outras coisas. Não vejo bandeiras nas janelas quando os portugueses participam nos Jogos Olímpicos ou nos Paraolímpicos; não vejo euforia quando alguém duma área qualquer ganha um qualquer prémio de prestígio, que muito dignifica a própria pessoa e o país. Quando o Saramago venceu o Prémio Nobel da Literatura, não vi bandeiras na rua. Eu nem sou fã do senhor nem da sua escrita, mas é português e tem de ser apoiado e acarinhado, como os jogadores da selecção. Com isto, apenas quero dizer que me irrita estas diferenças hipócritas. Tudo porque o futebol tem a dimensão que tem no nosso país. Assim sendo, faço o seguinte apelo: apoiem todos os portugueses em todas as áreas como apoiam a Selecção Portuguesa de Futebol. Viva Portugal!

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