Memento (2001), de Christopher Nolan
Um ex-investigador de seguros, Leonard Shelby, investiga o homicídio da sua esposa, que ocorreu num assalto à sua casa, no qual ele foi atacado violentamente deixando-o inconsciente. Posteriormente é-lhe diagnosticado uma lesão na cabeça que o impossibilita de armazenar as memórias recentes e imediatas. Para superar tal condicionamento, Leonard desenvolve um sistema de apontamentos, fotografias e tatuagens, que o ajudam, entre outras coisas, a obter as informações necessárias sobre o paradeiro do homicida e obter a desejada vingança. Pelo meio da sua busca, ele é ajudado por dois estranhos, Teddy e Natalie.
Memento significa souvenir. Algo que nos faz recordar alguém ou algum local por onde já passamos. Este é o título deste thriller realizado por Christopher Nolan, cujo argumento é baseado no conto Memento Mori, escrito pelo seu irmão, Jonathan Nolan. Memento Mori é uma expressão latina que significa “Lembra-te que és mortal e que um dia morrerás”.
Superiormente realizado, Memento é a prova de que Christopher Nolan é também um excelente contador de histórias, utilizando a montagem como o elemento narrativo fundamental. A história é contada em sucessivos flashbacks e flash-fowards, devidamente diferenciados cromáticamente e de forma alternada. Não sendo um método novo, a desconstrução narrativa orquestrada pelo realizador é necessária para pôr a nu o problema da perda da memória imediata originada pelo estado clínico da personagem principal. Essas memórias, tal com peças de puzzle, são inteligentemente montadas de modo a produzir o efeito de suspense sobre o espectador, provocando-o, obrigando-o a questionar-se. Exactamente aquilo que o cinema precisa nos dias de hoje e não que nos seja dado tudo numa bandeja de prata.
A música, a cargo de David Julyan [que futuramente, voltaria a trabalhar com Nolan em Insomnia (2002) e O Terceiro Passo (2006)] é muito importante na criação de ambientes nos diferentes momentos da história. Por exemplo, numa sequência que Leonard recorda a mulher, num ambiente solitário (o quarto do motel), o espectador sente claramente a sensação de perda profunda da personagem, através da música.
Relativamente ao estado clínico do qual personagem principal padece, a doença chama-se amnésia anterógrada. É uma amnésia que atinge os factos ocorridos após um acidente, ou seja, perda da memória imediata. Acontece quando existe algum traumatismo na zona do hipocampo, a sede da memória no cérebro. Como pode viver uma pessoa com uma doença deste tipo? Fazer ou dizer algo e ao fim de dez minutos não se lembrar do que acabou de fazer ou dizer? O filme mostra bem a dificuldade de lidar com esta situação, especialmente se terceiros estiverem envolvidos. Não confiando nas nossas próprias memórias, poderemos confiar nas outras pessoas que nos ajudam, ou elas usarão o nosso handicap em seu benefício?
Memento é uma obra excepcional em termos fílmicos, um daqueles filmes que não nos deixa indiferentes e nos deixa algo para ficar na memória. Como um souvenir.
Um ex-investigador de seguros, Leonard Shelby, investiga o homicídio da sua esposa, que ocorreu num assalto à sua casa, no qual ele foi atacado violentamente deixando-o inconsciente. Posteriormente é-lhe diagnosticado uma lesão na cabeça que o impossibilita de armazenar as memórias recentes e imediatas. Para superar tal condicionamento, Leonard desenvolve um sistema de apontamentos, fotografias e tatuagens, que o ajudam, entre outras coisas, a obter as informações necessárias sobre o paradeiro do homicida e obter a desejada vingança. Pelo meio da sua busca, ele é ajudado por dois estranhos, Teddy e Natalie.
Memento significa souvenir. Algo que nos faz recordar alguém ou algum local por onde já passamos. Este é o título deste thriller realizado por Christopher Nolan, cujo argumento é baseado no conto Memento Mori, escrito pelo seu irmão, Jonathan Nolan. Memento Mori é uma expressão latina que significa “Lembra-te que és mortal e que um dia morrerás”.
Superiormente realizado, Memento é a prova de que Christopher Nolan é também um excelente contador de histórias, utilizando a montagem como o elemento narrativo fundamental. A história é contada em sucessivos flashbacks e flash-fowards, devidamente diferenciados cromáticamente e de forma alternada. Não sendo um método novo, a desconstrução narrativa orquestrada pelo realizador é necessária para pôr a nu o problema da perda da memória imediata originada pelo estado clínico da personagem principal. Essas memórias, tal com peças de puzzle, são inteligentemente montadas de modo a produzir o efeito de suspense sobre o espectador, provocando-o, obrigando-o a questionar-se. Exactamente aquilo que o cinema precisa nos dias de hoje e não que nos seja dado tudo numa bandeja de prata.
A música, a cargo de David Julyan [que futuramente, voltaria a trabalhar com Nolan em Insomnia (2002) e O Terceiro Passo (2006)] é muito importante na criação de ambientes nos diferentes momentos da história. Por exemplo, numa sequência que Leonard recorda a mulher, num ambiente solitário (o quarto do motel), o espectador sente claramente a sensação de perda profunda da personagem, através da música.
Relativamente ao estado clínico do qual personagem principal padece, a doença chama-se amnésia anterógrada. É uma amnésia que atinge os factos ocorridos após um acidente, ou seja, perda da memória imediata. Acontece quando existe algum traumatismo na zona do hipocampo, a sede da memória no cérebro. Como pode viver uma pessoa com uma doença deste tipo? Fazer ou dizer algo e ao fim de dez minutos não se lembrar do que acabou de fazer ou dizer? O filme mostra bem a dificuldade de lidar com esta situação, especialmente se terceiros estiverem envolvidos. Não confiando nas nossas próprias memórias, poderemos confiar nas outras pessoas que nos ajudam, ou elas usarão o nosso handicap em seu benefício?
Memento é uma obra excepcional em termos fílmicos, um daqueles filmes que não nos deixa indiferentes e nos deixa algo para ficar na memória. Como um souvenir.
(16-12-2007)
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