quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Feliz 2009 para Todos!
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Últimos Dias...
- Quero um trabalho novo. Não aguento mais o velho!!!
Era só. Obrigado.
P.S. - Um Enorme Pedido de Desculpas para o Nuno e a Rita. Eles entendem, não fossem eles meus excelentes amigos.
domingo, 28 de dezembro de 2008
O Que Ainda Resta de 2008...
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Música Bonita.
The Script - The Man Who Can't Be Moved.
P.S. - O melhor que consegui, pois não dava para copiar o vídeo original.
Surpresa Inesperada de Natal.
domingo, 14 de dezembro de 2008
Mais Críticas Atrasadas.
Estas são as últimas críticas atrasadas dos jornal Carteia. Os leitores vão reconhecê-las, pois já foram publicadas aqui no blogue há algum tempo atrás. De qualquer maneira, aqui estão elas:
Título: Vestida para Matar (Dressed to Kill)
Ano: 1980
Realização: Brian De Palma
Elenco: Michael Caine, Nancy Allen, Angie Dickinson, Keith Gordon e Dennis Franz
Género: Thriller, Crime, Mistério
País: E.U.A.
Produção: Samuel Z. Arkoff, Fred C. Caruso e George Litto
Argumento: Brian De Palma
Música: Pino Donaggio
Fotografia: Ralf D. Bode
Montagem: Gerald B. Greenberg
Sinopse/Crítica: Brian De Palma é um cineasta de homenagens. Todo o seu cinema está carregado de referências doutros cineastas ou dos seus próprios filmes. Isso é um ponto positivo a seu favor, pois torna os seus filmes interessantes e fascinantes. Uma dessas referências, e a maior de todas, é Alfred Hitchcock. Seja por movimentos, ângulos, pontos de vista ou perspectivas de câmara, seja pela montagem, o Mestre do Suspense está presente em todos os seus filmes. Referência que o próprio realizador assume, segundo o que alguma crítica americana considera como um uso abusivo das homenagens a Hitchcock, copiando até cenas inteiras e com isso não trazendo nada de novo aos seus filmes. Críticas injustas a um dos melhores e mais importantes filmmakers da sua geração, muito estudado nas escolas de cinema, pela sua forma especial e extremamente técnica de filmar.
Vestida para Matar é claramente uma das suas homenagens ao Mestre. Um thriller sensual, erótico quase, com um toque de film noir. Kate Miller (Angie Dickinson) é uma dona de casa amargurada e frustrada sexualmente. Uma frustração, que desabafada com o seu psiquiatra e amigo Dr. Robert Elliott (Michael Caine), a leva a cometer adultério com um desconhecido, para quebrar a rotina que a sufoca. No seu regresso a casa é brutalmente assassinada por uma misteriosa transexual loura, toda vestida de negro. Este crime hediondo é testemunhado por uma prostituta de luxo, Liz Blake (Nancy Allen), que passa a ser o novo alvo desta estranha assassina.
Mas as aparências iludem. O realizador dá extrema importância aos detalhes, provocando o espectador para uma redobrada atenção. Estes detalhes são-nos mostrados através da sua técnica fílmica, com por exemplo o enquadramento dividido ao meio, e da montagem. Outra das grandes marcas registadas do realizador e uma das suas homenagens a Hitchcock é a cor loura do cabelo das suas protagonistas.
A morte é uma presença habitual em De Palma. É mais uma das formas de desafio às percepções do público que o realizador propõe. A morte tem aqui a função de elo de ligação entre a personagem que morre e a personagem que testemunha a sua morte. Essa ligação emocional é introduzida através do zoom simultâneo dos olhos de ambas as personagens, como se a transmissão dum terrível tormento, neste caso, a morte duma reflectir-se-á na vida da outra.
Uma das situações interessantes neste filme é o facto de ter cuidado com o que se deseja, ou com o que se sonha, pois pode perigoso de alguma maneira. Passando a explicar: a personagem principal, Kate, morre por ter realizado as suas fantasias sexuais, por ter transgredido a sua rotina. Por outro lado, a prostituta Liz tem sexo a mais na sua rotina e quando se refugia numa vida mais pacata, após o susto, começa a ter sonhos em que aparece morta às mãos da assassina de Kate. Esta troca de papéis sociais tem uma força de ligação, a transexual assassina loira, o ponto de equilíbrio entre as duas mulheres. Esta gracinha irónica operada por De Palma mostra a sua visão peculiar sobre o sexo oposto.
Outro tema presente no filme é a transexualidade. Provavelmente a primeira vez que um cineasta abordou este assunto tabu para a sociedade conservadora estado-unidense num filme, embora duma forma subtil.
Vestida para Matar é uma interessante obra voyeurista que mostra exactamente porque que caminho trilha Brian De Palma, um cineasta por vezes não apreciado ou não entendido por alguns seus compatriotas críticos. Sem dúvida um realizador marcante no cinema estado-unidense de suspense.
Classificação: *** - Bom
Curiosidades sobre o filme:
- Brian De Palma fora casado com Nancy Allen, de 1979 a 1983.
- O realizador queria a musa de Ingmar Bergman, Liv Ullmann, para o papel de Kate Miller, mas ela declinou o convite.
Título: À Prova de Morte (Death Proof)
Ano: 2007
Realização: Quentin Tarantino
Elenco: Kurt Russell, Rose McGowan, Rosario Dawson, Michael Parks, Mary Elizabeth Winstead, Zoë Bell, Vanessa Ferlito, Jordan Ladd, Tracie Thoms, Quentin Tarantino e Sydney Tamiia Poitier
Género: Acção e Crime
País: E.U.A.
Produção: Elizabeth Avellán, Robert Rodriguez, Quentin Tarantino e Erica Steinberg
Argumento: Quentin Tarantino
Música: Toda escolhida por Quentin Tarantino
Fotografia: Quentin Tarantino
Montagem: Sally Menke
Sinopse/Crítica: À Prova de Morte é a sexta longa-metragem, em nome próprio, de Quentin Tarantino, um dos mais brilhantes realizadores estado-unidenses da sua geração. Um cinéfilo e amante da sétima arte como poucos, que transporta toda essa cultura cinematográfica para os seus filmes, criando imagens de marca, verdadeiros símbolos, características que o tornam num digno exemplo do cinema de autor. Entre as suas inesquecíveis obras, destacam-se Pulp Fiction (1994) e as duas partes de Kill Bill – A Vingança (2003-2004). Os diálogos são uma das suas maiores marcas cinematográficas. As temáticas giram sempre á volta de personagens fora-da-lei, onde a violência tem um papel importante. Reflexo duma sociedade violenta, num país dito desenvolvido e civilizado, proclamador da terra da liberdade. A linha narrativa do filme é bastante simples. Um duplo de cinema de filmes de série B assassina 5 raparigas com o seu carro à prova de morte, num violento acidente. Meses mais tarde repete a mesma brincadeira com outras raparigas. Mas desta vez, ele nem sabe no que se foi meter nem o que o espera.
Tarantino é daqueles realizadores que se parece com uma faca de dois gumes. Ou se ama ou se odeia (os seus filmes, entenda-se) e À Prova de Morte é um perfeito exemplo disso. Um filme que a crítica especializada venerou e ao mesmo tempo menosprezou. Mas afinal o que nos traz de novo esta obra do realizador estado-unidense? É exactamente o que queremos descobrir.
Primeiro que tudo À Prova de Morte é uma clara homenagem ao cinema de série B, cinema de baixo orçamento que se fazia nos anos 60 e 70, sem algum propósito artístico e que explorava temáticas sensacionalistas, algumas delas bastante chocantes ou mesmo tabu, como o sexo e a violência, de forma muito gráfica e explícita e que não passava no cinema mais comercial da altura. Este tipo de filmes passava nos antigos cinemas de bairro (ou cine-teatros), muitas vezes em sessões duplas contínuas. As salas que projectavam este tipo de filmes passaram a denominar-se Grindhouse, um vocábulo sem tradução para outras línguas, que passou a caracterizar este tipo de cinema. Os géneros eram os mais variados possíveis, desde western spaghetti, eróticos, horror, crime, mistério, filmes de canibais, de kung fu, de motoqueiros e de carros, zombies, mulheres na prisão, etc. Outra característica deste tipo de filmes era a qualidade da fita, que reflectia a qualidade do filme. Os riscos e a falta de fotogramas eram constantes, devido ao desgaste da fita provocado pelo extremo uso. Note-se que À Prova de Morte pertence à segunda parte da sessão dupla de cinema Grindhouse. A primeira parte foi assegurada pelo grande amigo de Tarantino, Robert Rodriguez (que o convidou para este projecto), com um filme de zombies chamado Planet Terror (2007).
Mas as homenagens não se ficam por aqui. As referências a filmes e séries de culto são uma constante. Exemplo disso é a conversa de Stuntman Mike com algumas raparigas no bar, sobre os filmes em que tinha participado como duplo, dos quais as raparigas desconheciam por absoluto. Outras referências são os seus próprios filmes. O carro amarelo e preto que aparece na segunda parte do filme é uma clara alusão ao fato usado por Uma Thurman em Kill Bil: Vol. 1 – A Vingança (2003). Outra das marcas autorais, que já foi mencionada acima, e talvez a mais importante de todas e a que mais sobressai nos seus filmes: os diálogos. A palavra em Tarantino é fundamental. Os diálogos são simples, banais e ao mesmo tempo sofisticados, cheios de repetições, com bastante calão e humor à mistura, originando uma espécie de eloquência própria e invulgar, conferindo um certo estilo cool aos personagens. Não podemos esquecer também uma pequena referência à literatura, pois o excerto do poema recitado por Stuntman Mike a Arlene chama-se Stopping by Woods on a Snowing Evening, da autoria de Robert Frost, poeta estado-unidense dos finais do século XIX, princípios do século XX.
Em termos técnicos, parece que Quentin Tarantino está cada vez melhor e isso nota-se na maneira como filma. Neste filme ele desempenha também a função de director de fotografia. Isto é importante referir, pois a qualidade da fotografia aumenta ao longo do filme. Temos, portanto, uma primeira parte a cores, muito má, cheia de falhas, com a falta de fotogramas e onde os cortes são mal executados. Tudo isto de forma propositada. A seguir passamos directamente para uma pequena parte monocromática, preto e branco, com excelente qualidade, onde Tarantino mostra as suas capacidades como director de fotografia. Nesta parte são introduzidas novas personagens, predominando um certo tom de mistério, dado pelo preto e branco. Passamos depois rapidamente para cor novamente, e esta cor já não é a mesma da primeira parte. Tem melhor qualidade e mais nitidez, apesar de continuar a haver falhas de continuidade, com a presença de alguns fotogramas a mais ou a menos. Uma palavra para a excelente montagem, servindo as ideias e os propósitos do realizador. O filme contém também excelentes sequências de acção. Tem umas das melhores perseguições de carros jamais filmadas e uma colisão frontal de cortar a respiração, extremamente violenta e visceral, onde os carros são personagens principais.
Quantos aos temas presentes no filme, eles não são nada novos em Tarantino. Cinema, sexo, mulheres, carros, violência, álcool, drogas e WCs. Cinema, porque quase todas as personagens trabalharam ou trabalham no mundo do cinema. O sexo está lá, não é explícito e a exploração da imagem feminina pela câmara é permanente como, por exemplo, na lap dance de Arlene a Stuntman Mike. Em relação ao álcool, drogas e WCs, nada a dizer. Estão quase sempre presentes nos seus filmes. Engraçado ver que o duplo que provoca a morte das raparigas na colisão frontal, não bebe um pingo de álcool. E claro, os carros, que são as personagens principais das sequências de acção e as “armas” geradoras da violência.
Mas então afinal o que traz de novo esta obra de Tarantino? Respondendo de forma curta e simples: nada. Mas por detrás deste «aparente vazio» está uma das suas obras mais interessantes. Isto porque mostra-nos Quentin Tarantino no seu melhor e igual a si próprio, logo, nada de novo. Por outro lado, a sua intervenção neste tipo de filmes série B, o seu peculiar estilo, torna o filme melhor do que ele realmente é, ou seja, o estilo de Tarantino eleva o nível da série B com À Prova de Morte, tornando-o, neste particular aspecto, inovador, fascinante e de culto.
Em jeito de conclusão e parafraseando George Clooney no anúncio publicitário da Nespresso, se aplicável ao cinema de Quentin Tarantino, seria algo assim: “Tarantino. Who else?”
Classificação: **** - Muito bom
Curiosidades sobre o filme:
Escolhido como um dos melhores filmes de 2007 pela prestigiada revista francesa de cinema Les Cahiers du Cinéma.
Legenda:
*- Mau
** - A ver
*** - Bom
**** - Muito bom
***** - A não perder
Ainda as Prendas de Natal...
Óscares 2009.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Sugestão Literária da Semana:
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
O "Maldito" Centro Comercial.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Ajuda Precisa-se...
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
A Morte de Batman.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Mais Cinema.
Título: Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness)
Ano: 2008
Realização: Fernando Meirelles
Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Yoshino Kimura, Yusuke Iseya, Don McKellar, Danny Glover, Mitchell Nye, Sandra Oh e Gael García Bernal
Género: Drama, Ficção Científica, Thriller e Mistério
País: Canadá, Brasil e Japão
Produção: Andrea Barata Ribeiro, Niv Fichman e Sonoko Sakai
Argumento: Don McKellar, baseado no romance homónimo de José Saramago
Música: Marco Antônio Guimarães
Fotografia: César Charlone
Montagem: Daniel Rezende
Sinopse/Crítica: Desde que o cinema fora inventado que as adaptações de grandes obras literárias são uma das fontes mais inspiradoras dos cineastas. Isto porque o cinema deve à literatura a sua estrutura narrativa, isto é, a forma de contar histórias, embora utilize outros tipos de linguagem. Mas materializar um romance em linguagens fílmicas não é uma tarefa fácil. É, e será sempre, uma visão particular, um ponto de vista, daquele que adapta e isso tem efeito no espectador, pois poderá ou não corresponder ao imaginado por si.
Ensaio Sobre a Cegueira é a segunda obra de José Saramago adaptada ao cinema, depois de A Jangada de Pedra, em 2002, pela mão do holandês George Sluizer. Um filme que chega 10 anos após a entrega do Prémio Nobel da Literatura ao escritor português.
Conta a história duma misteriosa cegueira que contagia toda uma cidade e que se espalha pelo país. Aparentemente incurável, apenas uma mulher não fica afectada pela cegueira e ela será a única testemunha de todas as atrocidades imagináveis, a prova viva da decadência duma sociedade. Mas também ela será a única capaz de achar o caminho de regresso à civilização.
Respeitando ao máximo a obra de Saramago, o realizador brasileiro consegue aqui o grande feito do filme. Pela mão da grande Julianne Moore, a única personagem que tudo vê, que se sento o desespero de todos aqueles que ficam cegos dum momento para o outro. Ela parece impotente perante o fardo que carrega, mas a pouco e pouco a sua força interior emerge de tal forma, que culmina com a protecção e orientação daqueles que mais ama.
O filme tem um visual bastante interessante. A ideia da misteriosa e leitosa cegueira é notável, com planos muito brancos e desfocados, cria-nos a ambiência do novo mundo dos cegos. Um visual cuidado que nós transposta para dentro das personagens, percebendo a sua angustia perante a enfermidade. Em algumas das situações representadas, especialmente, a deambulação dos cegos pela cidade à procura duma orientação comum ou os santos duma igreja de olhos vendados, sentimos verdadeiramente essa angústia perante o mundo à beira do fim.
Como é impressionante como os nossos instintos mais selvagens se sobreponham à razão, à moral e ao bom senso perante uma possível situação de crise, no caso da cegueira, onde não há tempo de adaptação possível. A única forma de sobrevivência é a comunhão.
Apesar de tudo aquilo que possa representar, alegoricamente falando, Ensaio Sobre a Cegueira é um filme sobre esperança na raça humana e sobre a humanização do homem. É importante e urgente reparar em nós, de olharmos para dentro de nós e no próximo, no outro.
Classificação: *** - Bom
Curiosidades sobre o filme:
- O filme foi seleccionado para abrir a edição 2008 do Festival de Cannes.
- O filme agradou ao autor do livro, José Saramago.
Legenda:
*- Mau
** - A ver
*** - Bom
**** - Muito bom
***** - A não perder
A Importância do Cinema.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Frase do Dia (8).
Hoje é Dia de...
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Um Momento de Orgulho.
domingo, 16 de novembro de 2008
Menu do Dia (3).
sábado, 15 de novembro de 2008
Sugestão Cinéfila da Semana (7):
sábado, 8 de novembro de 2008
Aqui Fica a Crítica...
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Há Dias Assim.
O Cinema no Carteia.
Título: Corrida Mortal (Death Race)
Ano: 2008
Realização: Paul W.S. Anderson
Elenco: Jason Statham, Ian McShane, Joan Allen, Jacob Vargas, Natalie Martinez e Tyrese Gibson
Género: Acção e Ficção Científica
País: E.U.A.
Produção: Paul W.S. Anderson, Jeremy Bolt, Roger Corman e Paula Wagner
Argumento: Paul W.S. Anderson (história e argumento), baseado no filme A Corrida da Morte do Ano 2000, de 1975, história original de Ib Melchior e argumento de Robert Thorn e Charles B. Griffith.
Música: Paul Haslinger
Fotografia: Scott Kevan
Montagem: Niven Howie
Sinopse/Crítica: Remake deve ser uma das palavras mais pronunciadas lá para os lados do “Bosque Sagrado” – leia-se Hollywood. Fazer um remake dum clássico de culto de série B não é nada fácil. Muito menos quando o filme em questão é um daqueles que o realizador, Paul W.S. Anderson, é fã e a sua pretensão é uma merecida homenagem. Pois, eis a prova de que nem sempre o nosso cunho pessoal é a visão mais acertada.
Corrida Mortal é um remake actualizado de A Corrida da Morte do Ano 2000 (1975), de Paul Bartel, com a história original de Ib Melchior e argumento de Robert Thorn e Charles B. Griffith. Paul W.S. Anderson pegou na ideia e transportou-a para o século XXI.
Ano 2012. Jensen Ames (Jason Statham) é um ex-piloto de automóveis injustamente condenado a cadeia pela morte da sua mulher. Para sair em liberdade, ele será obrigado pela poderosa directora da prisão (Joan Allen), a participar numa corrida de carros até à morte.
Ok. Nada de novo aqui. História previsível onde o que mais interessa é a corrida, o centro da narrativa e das seqências de acção, como de um vídeo-jogo se tratasse. Aliás, são as cenas violentas da corrida que entretêm o espectador, onde a maior ilação a tirar permanece em segundo plano. É aqui que reside o único interesse do filme. A tal corrida onde vale tudo é um reality-show transmitido ao vivo pela internet. Isto revela exactamente o tipo de consumidores de entretenimento que hoje somos. Valerá a pena pagar para ver pessoas a morrer ao vivo? Será isto o futuro do entretenimento? Temos ou não responsabilidade nas escolhas audiovisuais que fazemos? E as empresas de produção audiovisual, que responsabilidades têm? Perguntas pertinentes nos dias que correm.
Jason Statham parece ser o novo ícone hollywoodesco de acção, que continua a intercalar a escolha entre papéis bons [que saudades de Snatch – Porcos e Diamantes (2000)] e maus. Este é um deles. Joan Allen e Ian McShane, dois grandes e respeitados actores também têm de rever as suas escolhas, embora McShane confira à sua personagem uma certa piada. Mas entende-se. Afinal também eles têm as suas contas de água e luz para pagar.
Contas finais: Corrida Mortal não passa de mais um fogo-de-artifício, puro e duro, bem á maneira americana, dum realizador britânico, ainda á procura da obra da sua consagração. Ou então não.
Classificação: *- Mau
Curiosidades sobre o filme:
Roger Corman, um dos produtores deste filme, também produziu A Corrida da Morte do Ano 2000. Corman é um conhecido realizador e produtor de filmes de série B.
Título: Memento
Ano: 2000
Realização: Christopher Nolan
Elenco: Guy Pearce, Carrie-Anne Moss, Joe Pantoliano, Mark Boone Junior e Jorja Fox
Género: Thriller
País: E.U.A.
Produção: Emma Thomas, Jennifer Todd e Suzanne Todd
Argumento: Christopher Nolan, baseado no conto Memento Mori, de Jonathan Nolan
Música: David Julyan
Fotografia: Wally Pfister
Montagem: Dody Dorn
Sinopse/Crítica: Um ex-investigador de seguros, Leonard Shelby (Guy Pearce), investiga o homicídio da sua esposa, que ocorreu num assalto à sua casa, no qual ele foi atacado violentamente deixando-o inconsciente. Posteriormente é-lhe diagnosticado uma lesão na cabeça que o impossibilita de armazenar as memórias recentes e imediatas. Para superar tal condicionamento, Leonard desenvolve um sistema de apontamentos, fotografias e tatuagens, que o ajudam, entre outras coisas, a obter as informações necessárias sobre o paradeiro do homicida e obter a desejada vingança. Pelo meio da sua busca, ele é ajudado por dois estranhos, Teddy (Joe Pantoliano) e Natalie (Carrie-Anne Moss).
Memento significa souvenir. Algo que nos faz recordar alguém ou algum local por onde já passamos. Este é o título deste thriller realizado por Christopher Nolan, cujo argumento é baseado no conto Memento Mori, escrito pelo seu irmão, Jonathan Nolan. Memento Mori é uma expressão latina que significa “Lembra-te que és mortal e que um dia morrerás”.
Superiormente realizado, Memento é a prova de que Christopher Nolan é também um excelente contador de histórias, utilizando a montagem como o elemento narrativo fundamental. A história é contada em sucessivos flashbacks e flash-fowards, devidamente diferenciados cromaticamente e de forma alternada. Não sendo um método novo, a desconstrução narrativa orquestrada pelo realizador é necessária para pôr a nu o problema da perda da memória imediata originada pelo estado clínico da personagem principal. Essas memórias, tal com peças de puzzle, são inteligentemente montadas de modo a produzir o efeito de suspense sobre o espectador, provocando-o, obrigando-o a questionar-se. Exactamente aquilo que o cinema precisa nos dias de hoje e não que nos seja dado tudo numa bandeja de prata.
A música, a cargo de David Julyan [que futuramente, voltaria a trabalhar com Nolan em Insomnia (2002) e O Terceiro Passo (2006)] é muito importante na criação de ambientes nos diferentes momentos da história. Por exemplo, numa sequência que Leonard recorda a mulher, num ambiente solitário (o quarto do motel), o espectador sente claramente a sensação de perda profunda da personagem, através da música.
Relativamente ao estado clínico do qual personagem principal padece, a doença chama-se amnésia anterógrada. É uma amnésia que atinge os factos ocorridos após um acidente, ou seja, perda da memória imediata. Acontece quando existe algum traumatismo na zona do hipocampo, a sede da memória no cérebro. Como pode viver uma pessoa com uma doença deste tipo? Fazer ou dizer algo e ao fim de dez minutos não se lembrar do que acabou de fazer ou dizer? O filme mostra bem a dificuldade de lidar com esta situação, especialmente se terceiros estiverem envolvidos. Não confiando nas nossas próprias memórias, poderemos confiar nas outras pessoas que nos ajudam, ou elas usarão o nosso handicap em seu benefício?
Memento é uma obra excepcional em termos fílmicos, um daqueles filmes que não nos deixa indiferentes e nos deixa algo para ficar na memória. Como um souvenir.
Classificação: ***** - Muito bom
Curiosidades sobre o filme:
Brad Pitt e Aaron Eckhart foram considerados para o papel de Leonard Shelby.
O argumento de Memento, escrito por Christopher Nolan, fora baseado no conto Memento Mori, escrito pelo seu irmão Jonathan Nolan. Mas o argumento foi considerado original em vez de adaptado porque o conto de Jonathan só foi publicado após o filme ficar completo.
Legenda:
*- Mau
** - A ver
*** - Bom
**** - Muito bom
***** - A não perder
(Textos publicados na edição de 06 de Novembro de 2008 do jornal Carteia.)
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
A Minha 1ª Experiência em Cinema.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
As Críticas Atrasadas do Carteia.
Título: Destruir Depois de Ler (Burn After Reading)
Ano: 2008
Realização: Joel & Ethan Coen
Elenco: Brad Pitt, George Clooney, John Malkovich, J.K. Simmons, Tilda Swinton, Richard Jenkins, Frances McDormand, David Rasche e Olek Krupa.
Género: Comédia, Crime
País: E.U.A., Reino Unido e França
Produção: Joel & Ethan Coen, Eric Fellner e Tim Bevan
Argumento: Joel & Ethan Coen
Música: Carter Burwell
Fotografia: Emmanuel Lubezki
Montagem: Roderick Jaynes (pseudónimo de Joel & Ethan Coen)
Sinopse/Crítica: Há quem diga que os Manos Coen não servem muito bem a comédia, que a comédia não é o género que lhes assenta melhor. Diria até o contrário. Os Coen têm a sua própria concepção da comédia, sob um ponto de vista satírico para com a realidade americana que tão bem conhecem.
Quando um CD com as memórias de um ex-agente da CIA é encontrado num ginásio pelos seus funcionários, estamos longe de imaginar que aquele dispositivo, ao servir de moeda de troca para um pagamento de uma cirurgia estética, originará uma série de equívocos e consequências imprevisíveis e violentas.
Para quem conhece os filmes desta dupla, certamente saberá que há sempre algo, alguma coisa ou algum objecto, que catalisa a acção narrativa, no caso concreto, o CD com a suposta informação classificada. Mas há mais. A música de Carter Burwell, colaborador musical habitual dos Coen, é muito bem encaixada e oferece grandes momentos de tensão e suspense. Depois o elenco. Com as presenças habituais de Clonney e McDormand, juntam-se Pitt, Swinton e Malkovich, formando um grupo conhecido do grande público, com personagens estereotipadas, que caem frequentemente no ridículo, devido às suas próprias paranóias, originando situações cómicas. Menção honrosa para Brad Pitt, que se apresenta como um parvo bastante divertido.
As temáticas apresentadas giram á volta de relações interpessoais condenadas ao fracasso, devido à infidelidade e à desonestidade entre as pessoas, e a desorganização que existe dentro das instituições americanas relacionadas com a segurança, onde nem os próprios agentes da CIA sabem com resolver as situações ocorridas.
O que se pode exigir aos Coen, depois de no ano transacto terem ganho Óscares pelo seu grande Este País Não é Para Velhos? Nada. Que nos continuem a fazer rir e sorrir. Porque em altura de crise, é o que mais precisamos.
Classificação: **** - Muito bom
Curiosidades sobre o filme:
Este é o primeiro filme dos Irmãos Coen sem o director de fotografia Roger Deakins, desde História de Gangsters (1990).
Este foi o filme de abertura da edição deste ano do Festival de Veneza.
Segundo os Irmãos Coen, o argumento de Destruir Depois de Ler foi escrito ao mesmo tempo do argumento para Este País Não é Para Velhos (2007), sempre em dias alternados.
Título: Em Nome da Amizade
Ano: 2007
Realização: Mike Binder
Elenco: Adam Sandler, Don Cheadle, Jada Pinkett Smith, Liv Tyler, Saffron Burrows, Donald Sutherland e Mike Binder
Género: Drama
País: E.U.A.
Produção: Jack Binder e Michael Rotenberg
Argumento: Mike Binder
Música: Rolfe Kent
Fotografia: Russ T. Alsobrook
Montagem: Steve Edwards e Jeremy Roush
Sinopse/Crítica: Perder as pessoas que mais amamos na vida é a coisa mais terrível que nos pode acontecer. A dor é inimaginável e ultrapassá-la é extremamente difícil. Uma realidade mudada de um dia para outro parece inconcebível. Nestas alturas a presença da amizade é a melhor das curas. A amizade é o sentimento mais honesto que une os corações das pessoas.
Na cidade de Nova Iorque, dois antigos companheiros de faculdade, Alan Johnson (Don Cheadle) e Charlie Fineman (Adam Sandler) reencontram-se. Alan vive numa rotina entre o trabalho e a família e Charlie vai vivendo como pode no seu próprio mundo, desde que perdeu a mulher e as filhas no atentado de 11 de Setembro de 2001. A reactivação desta amizade vai ajudar estes dois homens a ultrapassar os problemas que os apoquentam. Perdidos algures nas suas vidas, juntos vão conseguir a pouco e pouco, dia a dia, recuperar o prazer de viver e ultrapassar os seus próprios problemas.
Mike Binder, o realizador mostra-nos uma cidade de Nova Iorque ainda a recuperar das mazelas sofridas em 2001, tornando-a numa verdadeira personagem, cheia de emoções, como muitos outros realizadores já o fizeram, nomeadamente Woody Allen e Spike Lee. Emoção que transparece nas personagens, principalmente a de Adam Sandler, extremamente sofrida e alheada da realidade. Aliás, Sandler mostra aqui que é muito mais do que um comediante. Um registo dramático muito bom. O realizador mostra ainda os mais altos valores da amizade. Apesar de formarem uma dupla inesperada e improvável, Cheadle e Sandler comovem o espectador com a química e a amizade que une as suas personagens.
Este é um filme sobre a amizade entre pessoas, que nos toca verdadeiramente e acaba tal como começa: ao ritmo da vida de cada um, a cada dia que passa.
Classificação: **** - Muito bom
Curiosidades sobre o filme:
Brad Pitt foi considerado para o papel de Charlie Fineman.
Javier Bardem esteve prestes a entrar no filme para o papel que viria a ser de Don Cheadle. Tudo por razões de agenda.
Legenda:
*- Mau
** - A ver
*** - Bom
**** - Muito bom
***** - A não perder