"Porque a vida real, a vida verdadeira, nunca foi nem será suficiente para satisfazer os desejos humanos. E porque sem essa insatisfação vital que as mentiras da literatura atiçam e aplacam ao mesmo tempo, nunca há autêntico progresso.
A fantasia de que somos dotados é um dom demoníaco. Abre continuamente um abismo entre aquilo que somos e o que gostaríamos de ser, entre o que temos e o que desejamos.
Mas a imaginação concebeu um astuto e subtil paliativo para esse divórcio inevitável entre a nossa realidade e os nossos apetites desmedidos: a ficção. Graças a ela, somos mais e somos outros, sem deixarmos de ser os mesmos. Nela nos dissolvemos e multiplicamos, vivendo muitas mais vidas do que a que temos e do que as que poderíamos viver se permanecêssemos confinados ao verídico, sem sair da prisão da história."
A fantasia de que somos dotados é um dom demoníaco. Abre continuamente um abismo entre aquilo que somos e o que gostaríamos de ser, entre o que temos e o que desejamos.
Mas a imaginação concebeu um astuto e subtil paliativo para esse divórcio inevitável entre a nossa realidade e os nossos apetites desmedidos: a ficção. Graças a ela, somos mais e somos outros, sem deixarmos de ser os mesmos. Nela nos dissolvemos e multiplicamos, vivendo muitas mais vidas do que a que temos e do que as que poderíamos viver se permanecêssemos confinados ao verídico, sem sair da prisão da história."
Vargas Llosa, Mario, La verdad de Las Mentiras, Seix Barral, Barcelona, 1990, pág. 19, in Rivera, Juan Antonio, O que Sócrates diria a Woody Allen – Cinema e Filosofia, Tenacitas, Coimbra, 2006, (trad. de Ana Doolin), pp. 249 - 250.
1 comentário:
É um facto: a ficção, tanto nos livros como no cinema, é algo que faz o humano sonhar alto.
Obrigado pelo comentário no vertice redondo, aquele post é de um dos membros, a Patricia, não é meu, não estava assinado, palo que entendi. Grato á mesma
:)
Tenho de ler esse livro, parece-me interessante.
Cumprimentos, continua com o belogue :D,
Diogo C.L.
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