terça-feira, 6 de setembro de 2011

Conto (3).

Era um dia daqueles normais como tantos outros.
Ela acordou.
O ar estava quente. Havia uma mistura adocicada. Ao abrir a janela do seu quarto, deixou-se ficar um instante. Toda aquela planície dourada, o som do resmalhar ao longe, um ou outro som de animal. Sorriu. Sentiu-se bem. Apressou-se a vestir. Sandália no pé e o seu vestidinho amarelo com aquelas flores miudinhas de botões no peito que ela deixava matreiramente mal fechados.
Saltitou pela cozinha onde apressadamente comeu qualquer coisa. Aquele dia de férias deu-lhe vontade de fazer algo e, sem pensar muito nisso, deixou-se envolver por todo o cenário à sua volta. Deixou os seus pés caminharem, caminharem, deixou a sua cabeça voar para além das nuvens, e absorvida naquele seu encantamento, nem deu pela sua chegada.
Ele chegou de mansinho e aproximou-se devagar. Gostava de a ver assim, de longe. Distraída no seu passeio, parecia fazer parte da paisagem. Contemplava a sua beleza. Os seus cabelos longos deixados soltos para que o vento pode-se com eles brincar e sabia-se apaixonada.
Ele aproximou-se devagar, rodeou o seu corpo fresco num apertado abraço, e sentiu-lhe o seu cheiro fresco a colónia de limão. Ela sorriu. Nos seus olhos brilharam duas luzinhas. Deixaram as suas mãos se entrelaçarem e sentiram aquele disparo do coração. Ele apertou-a mais nos seus braços como se dissesse: “És minha!”. Ela deixou-se levar, fechou os olhos, sentia a pernas a tremer.
Numa inebriante mistura de felicidade, ela sentia-se segura. Deixou que depositasse nos seus lábios aquele beijo, sentiu o seu adocicado sabor. Nunca antes sentira aquela mistura explosiva. Sentia-se feliz. O sorriso saltava-lhe do rosto mesmo sem ela querer. Sentia um calor no peito, algo antes nunca sentido, como se o coração ardesse, como se todo o seu corpo festejasse. Deixaram-se ficar entrelaçados naquele abraço. De repente tudo o resto tinha deixado de existir. Parecia que o tempo tinha parado, e ali naquela planície dourada, num simples abraço, houve uma imensa felicidade.
A partir desse dia, por mais que os seus corpos se separassem, os seus corações para sempre ficaram unidos e aí ela soube, que esse dia, como tantos outros, o deixou de ser, para se tornar no primeiro dia de muitos.




Escrito por Mariana Rosa, algures em Março, algures de madrugada.


Uma bedtime story que me ajudou a aconchegar, durante uma fase menos boa da minha vida. Obrigado.

1 comentário:

Marisa disse...

Fui agradavelmente surpreendida :) Adorei :)