sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Sugestão da Semana:
sábado, 20 de setembro de 2008
Críticas.
Título: Mamma Mia!
Ano: 2008
Realização: Phyllida Lloyd
Elenco: Meryl Streep, Amanda Seyfried, Colin Firth, Stellan Skarsgård, Pierce Brosnan, Christine Baranski, Julie Walters e Dominic Cooper
Género: Musical, Comédia
País: E.U.A., Reino Unido e Alemanha
Produção: Judy Craymer, Gary Goetzman, Benny Andersson, Björn Ulvaeus, Tom Hanks e Rita Wilson
Argumento: Catherine Johnson
Música: Benny Andersson e Björn Ulvaeus
Fotografia: Haris Zambarloukos
Montagem: Lesley Walker
Sinopse/Crítica: Eis a sugestão ideal para o final das suas férias de Verão: uma bela escapadinha até às ilhas gregas, para assistir ao casamento de Sophie (Amanda Seyfried) e Sky (Dominic Cooper). Conheça também a mãe de Sophie, Donna (Meryl Streep) e a suas amigas Tanya (Christine Baranski) e Rosie (Julie Walters). E não se esqueça de cumprimentar os três possíveis pais de Sophie, Sam (Pierce Brosnan), Bill (Stellan Skarsgård) e Harry (Colin Firth), antigos namorados de Donna. Vai ver que vai valer a pena descobrir os segredos desta família.
Este convite é o mote para assistir à adaptação cinematográfica do musical Mamma Mia!, baseado nas canções intemporais dos ABBA. Escrito por Catherine Johnson, produzido por Judy Craymer, encenado por Phyllida Lloyd e com a música e supervisão musical de Benny Andersson e Björn Ulvaeus, ex-membros da banda sueca, o musical têm sido um sucesso estrondoso no mundo inteiro, desde a sua estreia em 1999, ultrapassando o sucesso obtido pelos musicais Cats e O Fantasma da Ópera.
Com todo este sucesso era inevitável a adaptação do musical para cinema. Como se costuma dizer que em equipa que se ganha não se mexe, todos os elementos da produção teatral passaram directamente para a produção fílmica, ficando a encenadora Phyllida Lloyd a cargo da realização do filme.
Toda a energia, cor e alegria do musical é transportada para a fita, com as contagiantes músicas dos suecos a serem o fio condutor narrativo, como seria de esperar, através das danças muito bem coreografadas. Apesar de estarmos perante um bom filme musical, a realização denota algumas falhas. Alguns exemplos: o mau uso dos ecrãs verdes para o fundo computorizado nas cenas de estúdio quebram a ilusão do espectador. Em alguns diálogos, o campo e contra-campo também não é usado da melhor forma.
Pontos fracos completamente abafados pela entrega do talentoso elenco. Meryl Streep e Amanda Seyfried assumem-se como as protagonistas vocais e o antigo James Bond, Pierce Brosnan, revela-nos um lado pouco conhecido: a musicalidade da sua voz. É fenomenal ver todo o elenco a cantar e a divertir-se a fazê-lo, com Julie Walters a ser a responsável pelos momentos mais cómicos.
Mamma Mia! é, sem qualquer dúvida, a festa de Verão que faltava, mesmo em final de estação.
Classificação: *** - Bom.
Curiosidades sobre o filme:
O enredo do filme foi adaptado do filme de 1968, Buona Sera, Mrs. Campbell, protagonizado pela actriz italiana Gina Lollobrigida.
Título: Hot Fuzz – Esquadrão de Província (Hot Fuzz)
Ano: 2007
Realização: Edgar Wright
Elenco: Simon Pegg, Nick Frost, Bill Nighy, Martin Freeman, Timothy Dalton, Jim Broadbent e Paddy Considine
Género: Comédia, Acção
País: Reino Unido, França
Produção: Nira Park, Tim Bevan e Eric Fellner
Argumento: Simon Pegg e Edgar Wright
Música: David Arnold
Fotografia: Jess Hall
Montagem: Chris Deakins
Sinopse/Crítica: Dos criadores de Shaun of the Dead (2004), Edgar Wright e Simon Pegg (respectivamente realizador e actor, ambos argumentistas), chega-nos esta comédia de acção, um tributo aos grandes filmes de acção de Hollywood mas com o típico humor britânico à mistura.
O sargento Nicholas Angel (Simon Pegg) é o melhor agente da Polícia Metropolitana de Londres. Ele é tão bom que a sua dedicação ao trabalho deixa os colegas e os superiores mal vistos no seio da Polícia, tanto que estes são obrigados a transferi-lo. Assim, ele é transferido para a vila mais calma de Inglaterra, Sandford, uma pacata vila onde todos se conhecem, onde a vida é vivida devagar. Após a chegada de Angel, estranhos acidentes acontecem e várias pessoas aparecem mortas. Tudo é tratado como meros acidentes e como ninguém desconfia de ninguém, nem se quer se põe a hipótese de serem homicídios. Mas Angel não se convence e com o seu parceiro Danny Butterman (Nick Frost), um polícia fanático por filmes de acção, tentam descobrir o que se passa, numa vila que de pacata, só a aparência.
O filme é uma propositada homenagem às famosas fitas hollywoodescas de acção, alguns westerns spaguetti de Sergio Leone e séries televisivas de sucesso. As referências são enormes, tanto ao nível dos diálogos como ao nível dos planos filmados, existindo até apropriação dalgumas cenas emblemáticas. Tudo regado com uma grande dose do humor negro britânico. Dentro dos homenageados, estão: Por um Punhado de Dólares (1964); O Bom, O Mau e o Vilão (1966); Monty Python's Flying Circus (1969); Dirty Harry (1971); Chinatown (1974); Tubarão (1975); Os Marretas (1976); Mad Max (1979); He-Man and the Masters of the Universe (1983); Miami Vice (1984); Arma Mortífera (1987); Assalto ao Arranha-Céus (1988); Tudo Bons Rapazes (1990); Ruptura Explosiva (1991); Cães Danados (1992); Parque Jurássico (1993); A Verdade da Mentira (1994); Léon – O Profissional (1994); Romeo + Juliet (1996); Estrada Perdida (1997); Bad Boys II (2003) e claro, Shaun of the Dead (2004).
Uma hilariante comédia de acção, com uma boa história e com excelentes momentos de acção que entretêm por completo o espectador, um dos objectivos deste género de cinema.
Para quem quer sair da sua vida rotineira, nem que seja por duas horas, esta é a película ideal.
Classificação: *** - Bom.
Curiosidades sobre o filme:
- Simon Pegg e Edgar Wright criaram em 2004, a comédia de horror Zombie Party – Uma Noite…De Morte (Shaun of the Dead). Altamente recomendável.
Legenda:
*- Mau
** - A ver
*** - Bom
**** - Muito bom
***** - A não perder
Um Dia Perfeito (2).
Norah Jones - Sunrise
Sugestão Cinéfila da Semana (5):
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Há Muito que Não Publico um Post.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Sugestão Cinéfila da Semana (4):
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Mais Críticas do Jornal Carteia.
Título: Hellboy II: O Exército Dourado (Hellboy 2: The Golden Army)
Ano: 2008
Realização: Guillermo del Toro
Elenco: Ron Perlman, Selma Blair, Luke Goss, Doug Jones, Anna Walton, Seth MacFarlane, John Hurt e Jeffrey Tambor.
Género: Aventura, Acção, Fantástico, Baseado em BD
País: E.U.A., Alemanha
Produção: Lawrence Gordon, Mike Richardson, Lloyd Levin e Joe Roth
Argumento: Guillermo del Toro, com história de Guillermo del Toro e Mike Mignola
Música: Danny Elfman
Fotografia: Guillermo Navarro
Montagem: Bernat Vilaplana
Sinopse/Crítica: O detective do paranormal está de volta. Hellboy continua grande, vermelho, com os seus chifres aparados e o seu imponente braço de pedra. Nesta nova aventura, o diabo vermelho e os seus companheiros do Gabinete de Pesquisa e Defesa Paranormal terão pela frente, talvez, os maiores adversários de sempre: o lendário Exército Dourado.
Depois da estreia do primeiro filme em 2004, a equipa criativa liderada por Guillermo del Toro e Mike Mignola, respectivamente realizador e criador da personagem, está de volta para a sequela: Hellboy II: O Exército Dourado. Uma curiosidade: a história para o novo filme foi escrita por ambos. De regresso está também o elenco original, com Ron Perlman à cabeça (e muito bem, mais uma vez), no papel do demónio encarnado.
Qual a palavra que melhor descreve e caracteriza o trabalho do cineasta Guillermo del Toro? Será a palavra “fantasia”? Ou será “imaginação”? Resposta: as duas. Fantasia e imaginação são as duas ideias sempre presentes no cinema do realizador mexicano. A sua capacidade criativa para mostrar seres e mundos para além do nosso faz-nos sentir de novo como crianças perante as histórias de embalar.
Estes são os caminhos por onde trilha Del Toro. Se olharmos para as suas obras anteriores, e mais concretamente a última, O Labirinto do Fauno (2006), descobrimos que o género fantástico ou fantasia, os filmes série B, os monstros clássicos da literatura e do cinema (como Frankenstein, por exemplo), as lendas e os contos da tradição oral, são as suas principais influências. Este novo Hellboy segue a mesma linha do seu antecessor, menos negro e com marcas claras de O Labirinto do Fauno. De facto, a diversidade de criaturas e de cenários que aparecem na película é sinal dessa influência. Parecem tão verosímeis que nós acreditamos que existem mesmo. O filme tem uma montagem dinâmica e coerente, com alguns planos a lembrarem também as vinhetas da BD.
Mas como quase todos os super heróis que conseguem salvar o mundo da adversidade, também este tem os seus pontos fracos. Aqui reside o humor que Del Toro imprime ao filme. Hellboy é muito bom no que faz, mas ao mesmo tempo tem de lidar com os seus problemas pessoais. A sua relação conjugal não anda muito bem: há discussões atrás de discussões. Tendo sido criado por homens, o herói nunca aceitou muito bem o facto de viver escondido, fora do olhar da sociedade. Quer ser reconhecido pelo que faz e quer viver uma vida normal, como qualquer humano. Porém, a sua aparência e vida são tudo menos coisas ditas normais. Uma crítica de Del Toro à sociedade americana e à forma como ainda encara as diferenças: com preconceito e medo.
Podemos então afirmar que Hellboy II: O Exército Dourado é uma história de embalar? Certamente, mas é mais que isso. É um fabuloso espectáculo visual, com uma narrativa interessante e cheia de momentos de humor.
Classificação: **** - Muito bom
Título: Este País Não È Para Velhos (No Country for Old Men)
Ano: 2007
Realização: Joel Coen & Ethan Coen
Elenco: Josh Brolin, Javier Bardem, Tommy Lee Jones, Kelly Macdonald e Woody Harrelson
Género: Thriller, Crime, Drama
País: E.U.A.
Produção: Scott Rudin, Ethan Coen e Joel Coen
Argumento: Joel Coen & Ethan Coen, baseado no romance de Cormac McCarthy
Música: Carter Burwell
Fotografia: Roger Deakins
Montagem: Roderick Jaynes (pseudónimo de Joel & Ethan Coen)
Sinopse/Crítica: O que têm em comum um xerife, um soldador e veterano do Vietname, e um assassino contratado? Nada mais, nada menos que uma mala que contém dois milhões de dólares: dinheiro de uma transacção de droga mal sucedida, ocorrida no Texas, próximo da fronteira com o México, no início de 1980.
Este é o mais recente filme dos irmãos Coen, o grande vencedor dos Óscares de 2007, tendo ganho o de melhor filme. Marca o regresso dos Coen aos thrillers violentos, se tivermos por comparação alguns dos seus registos anteriores, nomeadamente Sangue por Sangue (1984) e Fargo (1996). Este País Não É Para Velhos (2007), tal como os mencionados, têm pontos de contacto evidentes que chegam a ser, se quisermos ir mais longe, marcas de autor.
Uma dessas marcas, as paisagens, é nitidamente uma marca dos Coen. Quase todas localizadas no Midwest (Médio-Oeste) dos Estados Unidos, mostrando as estações do ano mais extremas, sejam elas o Verão intenso no Texas, visto em Sangue por Sangue (1984) e em Este País Não É Para Velhos (2007), ou o inverso, o Inverno rigoroso mostrado em Fargo (1996); Outras marcas, que embora não sejam consideradas marcas de autor, já que aparecem na maior parte dos filmes americanos e já fazem parte da história americana, e que são presença habitual nos filmes destes irmãos do Minnesota, são o dinheiro e a violência. O que quer que aconteça, o dinheiro está sempre presente e a violência, é forte, visceral e por vezes bastante macabra.
Este País Não É Para Velhos (2007) não foge aos exemplos anteriores, onde a violência é desencadeada por causa do dinheiro envolvido. As três personagens principais, que curiosamente nunca partilham os planos filmados, perseguem o dinheiro por motivos diferentes. O veterano do Vietname, Llewelyn Moss (Josh Brolin), encontrou a mala por acaso quando andava na caça e deparou-se com um cenário de morte e pick-up’s cheias de droga. Pensa que ter-lhe-á saído a sorte grande, mas a verdade é que não mediu bem as consequências do seu acto, pois tal como qualquer ladrão, volta ao local do crime, deixando um rasto que compromete a sua fuga. Anton Chigurh (Javier Bardem), o assassino profissional, a verdadeira encarnação do mal, pior que a peste negra, segundo um outro profissional do mesmo ramo, Carson Wells (Woody Harrelson), é o homem contratado para recuperar o dinheiro. Apesar de representar tudo aquilo que é mau e violento, é um homem com alguns princípios profissionais. Leva o seu trabalho até ao fim e fá-lo bem feito, decidindo a sorte de parte das suas vítimas, atirando uma moeda ao ar (o mesmo modus operandi dum vilão de Batman, Harvey “Duas-Caras” Dent, embora Chigurh não utilize sempre a moeda). E claro, também quer ficar com o dinheiro. Penso que este Mau Anton Chigurh, de Javier Bardem, em parte assemelha-se ao Mau Angel Eyes, de Lee Van Cleef em O Bom, o Mau e o Vilão, de Sergio Leone (1966). Por final temos Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones), o velho xerife da história, à beira da reforma, que tenta com os seus meios, resolver este problema sem que seja derramado mais sangue, pois o que aí vêm não agoira nada de bom. Mas o vendaval de violência já começou e nada o poderá parar.
Contextualizando a história dentro da paisagem natural que vemos no filme, podemos dizer que estamos perante uma selecção natural darwiniana, onde a adaptação dos mais fortes lhes permite a sobrevivência. Tudo por causa do principal factor externo: o dinheiro. A nostalgia do xerife (narrada em voz-off no início da película, contrastando com a paisagem árida) apenas nos serve para verificar que os valores mudaram ou simplesmente deixaram de existir. Um retrato da América actual, onde a violência cresce cada vez mais longe da vida das grandes metrópoles.
Outro aspecto interessante neste filme dos Coen é a música. Melhor dizendo, a ausência dela. São poucas as cenas que contêm trechos musicais, ficando quase toda a banda musical relegada para os créditos finais. A ausência de música é importante para realçar as fortes paisagens desérticas texanas e cimentar a presença do mal, personificado pela personagem de Javier Bardem, que em boa verdade, está muito bem (Óscar merecidíssimo).
Este País Não É Para Velhos (2007) é sem dúvida um dos bons filmes do ano transacto e mostra que os Coen sabem contar histórias interessantes e sempre actuais, revisitando um género já extinto no cinema actual, onde a história dos Estados Unidos da América terá sido forjada: o western.
Classificação: ***** - A não perder
Legenda:
*- Mau
** - A ver
*** - Bom
**** - Muito bom
***** - A não perder